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quinta-feira, 2 de maio de 2024

A Época de Ouro do rádio e o impacto da chegada da televisão


 "Nós somos as cantoras do rádio

Levamos a vida a cantar

De noite embalamos teu sono

De manhã nós vamos te acordar


Nós somos as cantoras do rádio

Nossas canções cruzando o espaço azul

Vão reunindo num grande abraço

Corações de Norte a Sul"


Gravada pelas irmãs Carmen e Aurora Miranda em 1936, a canção "Cantores do Rádio", de Lamartine Babo, Braguinha e Alberto Ribeiro, é um dos principais ícones do período em que o rádio começou a se popularizar no país e alcançar a simpatia e a paixão dos brasileiros.


Os anos 30 representaram um divisor de águas na história do rádio no país. Mas a verdade é que o pontapé da radiofonia brasileira veio um pouco antes, com o trabalho de voluntários e pioneiros nas chamadas rádios-clube ou rádios- -sociedade.


E, nesse início, o rádio estava longe de ser popular, como nos conta Sérgio Viotti, em áudio da coleção Documentos Sonoros do Nosso Século, da Editora Abril.


"Em 1922, uma barulhenta experiência não entusiasma o brasileiro; é a modesta estreia do rádio. Anos depois, Edgard Roquette-Pinto, pioneiro da radiofonia nacional, assim recordaria essa fase:


(...) A verdade é que durante a exposição do centenário da Independência em 1922, muito pouca gente se interessou pelas demonstrações experimentais de radiotelefonia, então realizadas pelas companhias norte-americanas: Westinghouse na Estação do Corcovado e Western Electric, na Praia Vermelha. Muito pouca gente se interessou. Creio que a causa principal desse desinteresse foram os alto-falantes instalados na exposição. Ouvindo discursos e músicas reproduzidos, no meio de um barulho infernal, tudo roufenho, distorcido, arranhando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores consequências. (...)"


Roquette-Pinto fundou, em 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que ficaria para a história como a pioneira no país, apesar de alguns documentos indicarem que a Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, teria sido, na verdade, a primeira a realizar uma transmissão radiofônia, em 1919.


Independentemente da controvérsia, fato é que, na década de 20 e início da de 30, o rádio ainda era elitista.


Além de os aparelhos custarem caro, quem os possuísse deveria pagar uma taxa para ter acesso ao receptor.


A tecnologia também não permitia que os rádios ficassem ligados por muito tempo. E a programação concentrava-se na transmissão de óperas e música clássica.


A grande mudança veio com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, a partir da Revolução de 30.


Já em 1931, o governo iniciou a regulamentação da radiodifusão e aboliu as taxas pagas pelos ouvintes para que os aparelhos fossem instalados em casa.


E, em 1932, a veiculação de anúncios comerciais passou a ser permitida no rádio.


Com a publicidade liberada, as emissoras foram, aos poucos, se popularizando. Afinal, quanto mais ouvintes mais anunciantes.


" Pílulas de vida do Dr. Ross

Fazem bem ao fígado de todos nós."


No início dos anos 30, havia 19 emissoras instaladas no país, segundo destaca Luiz André de Oliveira, em dissertação de mestrado concluída pela Fundação Getúlio Vargas. Em 1937, conta o autor, já eram 63 e, em 1945, 111.


Para atrair audiência, as emissoras comerciais abriam espaço para uma programação diversificada, formada por atrações musicais, humor e radioteatro.


Também era comum cederem espaço aos chamados programistas, que tornavam-se responsáveis por vender publicidade, redigir e produzir um programa variado.


Um dos pioneiros foi Ademar Casé, que, com o célebre Programa Casé, na Rádio Philips, recebia grandes ídolos da música popular à época, como Carmen Miranda e Francisco Alves.


Autor de uma biografia sobre a vida de Carmen Miranda, o jornalista Ruy Castro avalia que, nesse início da popularização do rádio, os cantores já consagrados pelos discos fizeram mais pelo rádio do que a radiofonia por eles.


"Eu tenho impressão de que o rádio no Brasil deve mais à Carmem Miranda do que ela ao rádio, porque quando ela começou a cantar profissionalmente, a gravar disco em 1929, 30, ela tinha 19 para 20 anos e você ainda não tinha exatamente o rádio no Brasil. (...) Mas quando isso aconteceu, a Carmen já era uma celebridade, (...) já tinha uma grande quantidade de discos gravados. Então, quando as rádios se abriram para propaganda e puderam finalmente contratar os cantores e artistas, e não apenas pagar por intermédio de cachê, a primeira artista contratada na principal rádio da época, que era a Rádio Mayrink Veiga, foi a Carmen. Imagine que muitas pessoas começaram a comprar aparelho de rádio porque podiam ouvir Carmen Miranda."


Lentamente, os papéis se inverteram, como analisa Ricardo Cravo Albin, que há 36 anos está à frente de um programa sobre música popular brasileira na Rádio MEC.


"A música popular não foi ajudada pela rádio, foi essencialmente lançada e revigorada e transformada numa mania nacional exatamente pelas emissoras radiofônicas no país."


No início dos anos 40, um dos maiores fenômenos culturais do Brasil era a Rádio Nacional.


Criada em 1936 pela iniciativa privada, a emissora passou para o patrimônio do governo federal em 1940.


Mas, diferentemente de outras empresas estatais, a Nacional continuou sendo administrada como uma companhia privada, sendo sustentada com publicidade.


Em dois anos, a Nacional se tornaria uma das cinco mais potentes emissoras do mundo, com antenas dirigidas para diferentes partes do país e do planeta.


Na programação, atrações musicais e pioneirismo. Foi na rádio Nacional, por exemplo, que a primeira radionovela brasileira foi ao ar: "Em busca da Felicidade" .


Os programas de humor e de auditório também conquistavam público, como explica Sérgio Viotti, na coleção Documentos Sonoros do Nosso Século.


"Na década de 50, a Rádio Nacional faz sucesso com novelas, programas de humor e de auditório, refletindo os gostos e as preferências populares. Entre eles, 'Piadas do Manduca' e o 'Programa César de Alencar':


Abertura do Programa César de Alencar:

Esta canção nasceu para quem quiser cantar

Canta você, cantamos nós, até cansar

Até bater

E decorar

Pra recordar vou repetir o seu refrão

Prepara a mão

Bate outra vez

Este programa pertence a vocês"


No fim dos anos 60, a Rádio Nacional ainda tinha uma vasta audiência. Mas essa já era a década da chegada da TV, que, aos poucos, levaria para as telinhas as atrações e as verbas publicitárias antes destinadas ao rádio.


Há 52 anos trabalhando com rádio, filho de pai e mãe radialistas, Roberto Rosemberg acompanhou os tempos áureos de emissoras como a Tupi do Rio de Janeiro e a Nacional.


Com a autoridade de quem viu de perto as transformações por que passou o meio radiofônico com a popularização da televisão, Roberto conta como as rádios tiveram que se ajustar aos novos tempos.


"Quando entrou a televisão, as verbas foram para televisão e, no país inteiro, o rádio teve que se adaptar. Teve que se amoldar a uma redução drástica de verbas. Aí veio o advento dos DJ, a FM entrando. (...) Mas o rádio foi se segmentando, foi melhorando, foi criando seu próprio caminho, foi criando rádios musicais, rádios eminentemente jornalísticas, que misturam informação, música e foi se adaptando com o advento da televisão."


A percepção de Roberto é confirmada pela pesquisadora Nélia Del Bianco, da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília.


Ela avalia que, diferentemente de décadas anteriores, o rádio parece não ser mais decisivo na formação do gosto musical, em especial dos jovens.


Mas na difusão de serviços e informação local, o meio radiofônico ainda guarda vantagem.


"O Rádio tem vantagem hoje na informação local. (...) Embora a internet possa ter agilidade para dar muitas informações, mas ela não tem agilidade para dar informação do que acontece na cidade. E aí entra o rádio com essa noção de proximidade, de vínculo com a comunidade, que permite uma atualização dos acontecimentos do entorno como mais agilidade e num nível de maior profundidade, que às vezes uma mídia nacional ou regional não consegue dar."


Até chegar ao ponto de levar informação local diretamente aos ouvintes, o radiojornalismo brasileiro também teve de passar por muitas mudanças.


Mas isso é tema para a próxima matéria.


De Brasília, Ana Raquel Macedo

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

A Época de Ouro do rádio e o impacto da chegada da televisão

 



"Nós somos as cantoras do rádio

Levamos a vida a cantar

De noite embalamos teu sono

De manhã nós vamos te acordar


Nós somos as cantoras do rádio

Nossas canções cruzando o espaço azul

Vão reunindo num grande abraço

Corações de Norte a Sul"


Gravada pelas irmãs Carmen e Aurora Miranda em 1936, a canção "Cantores do Rádio", de Lamartine Babo, Braguinha e Alberto Ribeiro, é um dos principais ícones do período em que o rádio começou a se popularizar no país e alcançar a simpatia e a paixão dos brasileiros.


Os anos 30 representaram um divisor de águas na história do rádio no país. Mas a verdade é que o pontapé da radiofonia brasileira veio um pouco antes, com o trabalho de voluntários e pioneiros nas chamadas rádios-clube ou rádios- -sociedade.


E, nesse início, o rádio estava longe de ser popular, como nos conta Sérgio Viotti, em áudio da coleção Documentos Sonoros do Nosso Século, da Editora Abril.


"Em 1922, uma barulhenta experiência não entusiasma o brasileiro; é a modesta estreia do rádio. Anos depois, Edgard Roquette-Pinto, pioneiro da radiofonia nacional, assim recordaria essa fase:


(...) A verdade é que durante a exposição do centenário da Independência em 1922, muito pouca gente se interessou pelas demonstrações experimentais de radiotelefonia, então realizadas pelas companhias norte-americanas: Westinghouse na Estação do Corcovado e Western Electric, na Praia Vermelha. Muito pouca gente se interessou. Creio que a causa principal desse desinteresse foram os alto-falantes instalados na exposição. Ouvindo discursos e músicas reproduzidos, no meio de um barulho infernal, tudo roufenho, distorcido, arranhando os ouvidos, era uma curiosidade sem maiores consequências. (...)"


Roquette-Pinto fundou, em 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que ficaria para a história como a pioneira no país, apesar de alguns documentos indicarem que a Rádio Clube de Pernambuco, em Recife, teria sido, na verdade, a primeira a realizar uma transmissão radiofônia, em 1919.


Independentemente da controvérsia, fato é que, na década de 20 e início da de 30, o rádio ainda era elitista.


Além de os aparelhos custarem caro, quem os possuísse deveria pagar uma taxa para ter acesso ao receptor.


A tecnologia também não permitia que os rádios ficassem ligados por muito tempo. E a programação concentrava-se na transmissão de óperas e música clássica.


A grande mudança veio com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, a partir da Revolução de 30.


Já em 1931, o governo iniciou a regulamentação da radiodifusão e aboliu as taxas pagas pelos ouvintes para que os aparelhos fossem instalados em casa.


E, em 1932, a veiculação de anúncios comerciais passou a ser permitida no rádio.


Com a publicidade liberada, as emissoras foram, aos poucos, se popularizando. Afinal, quanto mais ouvintes mais anunciantes.


" Pílulas de vida do Dr. Ross

Fazem bem ao fígado de todos nós."


No início dos anos 30, havia 19 emissoras instaladas no país, segundo destaca Luiz André de Oliveira, em dissertação de mestrado concluída pela Fundação Getúlio Vargas. Em 1937, conta o autor, já eram 63 e, em 1945, 111.


Para atrair audiência, as emissoras comerciais abriam espaço para uma programação diversificada, formada por atrações musicais, humor e radioteatro.


Também era comum cederem espaço aos chamados programistas, que tornavam-se responsáveis por vender publicidade, redigir e produzir um programa variado.


Um dos pioneiros foi Ademar Casé, que, com o célebre Programa Casé, na Rádio Philips, recebia grandes ídolos da música popular à época, como Carmen Miranda e Francisco Alves.


Autor de uma biografia sobre a vida de Carmen Miranda, o jornalista Ruy Castro avalia que, nesse início da popularização do rádio, os cantores já consagrados pelos discos fizeram mais pelo rádio do que a radiofonia por eles.


"Eu tenho impressão de que o rádio no Brasil deve mais à Carmem Miranda do que ela ao rádio, porque quando ela começou a cantar profissionalmente, a gravar disco em 1929, 30, ela tinha 19 para 20 anos e você ainda não tinha exatamente o rádio no Brasil. (...) Mas quando isso aconteceu, a Carmen já era uma celebridade, (...) já tinha uma grande quantidade de discos gravados. Então, quando as rádios se abriram para propaganda e puderam finalmente contratar os cantores e artistas, e não apenas pagar por intermédio de cachê, a primeira artista contratada na principal rádio da época, que era a Rádio Mayrink Veiga, foi a Carmen. Imagine que muitas pessoas começaram a comprar aparelho de rádio porque podiam ouvir Carmen Miranda."


Lentamente, os papéis se inverteram, como analisa Ricardo Cravo Albin, que há 36 anos está à frente de um programa sobre música popular brasileira na Rádio MEC.


"A música popular não foi ajudada pela rádio, foi essencialmente lançada e revigorada e transformada numa mania nacional exatamente pelas emissoras radiofônicas no país."


No início dos anos 40, um dos maiores fenômenos culturais do Brasil era a Rádio Nacional.


Criada em 1936 pela iniciativa privada, a emissora passou para o patrimônio do governo federal em 1940.


Mas, diferentemente de outras empresas estatais, a Nacional continuou sendo administrada como uma companhia privada, sendo sustentada com publicidade.


Em dois anos, a Nacional se tornaria uma das cinco mais potentes emissoras do mundo, com antenas dirigidas para diferentes partes do país e do planeta.


Na programação, atrações musicais e pioneirismo. Foi na rádio Nacional, por exemplo, que a primeira radionovela brasileira foi ao ar: "Em busca da Felicidade" .


Os programas de humor e de auditório também conquistavam público, como explica Sérgio Viotti, na coleção Documentos Sonoros do Nosso Século.


"Na década de 50, a Rádio Nacional faz sucesso com novelas, programas de humor e de auditório, refletindo os gostos e as preferências populares. Entre eles, 'Piadas do Manduca' e o 'Programa César de Alencar':


Abertura do Programa César de Alencar:

Esta canção nasceu para quem quiser cantar

Canta você, cantamos nós, até cansar

Até bater

E decorar

Pra recordar vou repetir o seu refrão

Prepara a mão

Bate outra vez

Este programa pertence a vocês"


No fim dos anos 60, a Rádio Nacional ainda tinha uma vasta audiência. Mas essa já era a década da chegada da TV, que, aos poucos, levaria para as telinhas as atrações e as verbas publicitárias antes destinadas ao rádio.


Há 52 anos trabalhando com rádio, filho de pai e mãe radialistas, Roberto Rosemberg acompanhou os tempos áureos de emissoras como a Tupi do Rio de Janeiro e a Nacional.


Com a autoridade de quem viu de perto as transformações por que passou o meio radiofônico com a popularização da televisão, Roberto conta como as rádios tiveram que se ajustar aos novos tempos.


"Quando entrou a televisão, as verbas foram para televisão e, no país inteiro, o rádio teve que se adaptar. Teve que se amoldar a uma redução drástica de verbas. Aí veio o advento dos DJ, a FM entrando. (...) Mas o rádio foi se segmentando, foi melhorando, foi criando seu próprio caminho, foi criando rádios musicais, rádios eminentemente jornalísticas, que misturam informação, música e foi se adaptando com o advento da televisão."


A percepção de Roberto é confirmada pela pesquisadora Nélia Del Bianco, da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília.


Ela avalia que, diferentemente de décadas anteriores, o rádio parece não ser mais decisivo na formação do gosto musical, em especial dos jovens.


Mas na difusão de serviços e informação local, o meio radiofônico ainda guarda vantagem.


"O Rádio tem vantagem hoje na informação local. (...) Embora a internet possa ter agilidade para dar muitas informações, mas ela não tem agilidade para dar informação do que acontece na cidade. E aí entra o rádio com essa noção de proximidade, de vínculo com a comunidade, que permite uma atualização dos acontecimentos do entorno como mais agilidade e num nível de maior profundidade, que às vezes uma mídia nacional ou regional não consegue dar."


Até chegar ao ponto de levar informação local diretamente aos ouvintes, o radiojornalismo brasileiro também teve de passar por muitas mudanças.


Mas isso é tema para a próxima matéria.


De Brasília, Ana Raquel Macedo

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Sobre as Webrádios

  https://webradioepocas.blogspot.com/


Webrádios: as novas difusoras de cultura e informação


Desde os seus primórdios, o rádio vem trazendo informação e cultura para a sociedade. No decorrer da História, o rádio transmitiu os principais fatos ocorridos no mundo. Fez coberturas sobre a Segunda Guerra Mundial e transmissões de jogos das Copas do Mundo.  Transmitiu os hits dos artistas mais influentes, veiculou informações sobre saúde, política e economia. Ao longo desses anos, o sistema de rádio tem evoluído, modernizando seus equipamentos de radiodifusão e adequando os conteúdos de suas programações às necessidades da população.

Com o advento da internet, as rádios, assim como outros veículos de comunicação, ganharam um novo espaço para a sua atuação. Isto fez com que o modelo de rádio tradicional, analógico, aproveitando as tecnologias emergentes, migrasse aos poucos para o plano digital, surgindo assim, as rádios online.

O primeiro caso de transmissão radiofônica digital e contínua, via web, foi o da emissora comercial rádio Kliff, no Texas, Estados Unidos, no ano de 1995, quebrando uma série de paradigmas que envolviam o setor de radiodifusão. Até então, o que podia se chamar de rádio, eram estações analógicas com transmissões hertzianas, e uma transmissão via computador, em rede, era algo totalmente fora dos padrões conhecidos.  No Brasil, as rádios online chegaram um pouco depois, em 1996, com as transmissões da rádio manguetronic, um projeto idealizado por dois representantes do movimento mangue-beat do Ceará com o intuito de divulgar a música e a cultura local.

Assim como a manguetronic, hoje encontramos uma variedade de rádios na internet que diferem do modelo convencional, direcionadas a temas específicos, como religião, esporte, culinária, educação, etc., executadas 24 horas por dia. As rádios que existentem no ambiente em rede podem ser divididas em três categorias:

1) As rádios off-line: geralmente não possuem programação em áudio veiculada, contendo informações a respeito de sua estação de rádio tradicional (analógica), programação e envolvidos. Servem como forma de divulgação da marca;

2) As rádios on-line: são rádios que possuem programação sonora veiculada, sendo em grande parte emissoras que transmitem a mesma programação existente em sua estação analógica. Aproveitam do espaço online para divulgar informações sobre as programações, horários, locutores, etc., com o objetivo de atrair um maior público para a estação analógica, utilizando das vantagens de alcance da tecnologia em rede;

3) As webrádios: são rádios criadas diretamente para o ambiente digital, possuindo além da programação tradicional com locução, uma maior interação com as tecnologias da internet. É o modelo de rádio que será visto no decorrer deste artigo.

Dentre as vantagens que se pode destacar das rádios da web, vale dizer que este tipo de rádio não necessita de concessão estatal para funcionamento. Diferente das rádios analógicas, as quais somente um grupo seleto de concessionários/permissionários podiam atuar, passando por um processo burocrático com uma série de especificações do governo, as webrádios funcionam independentemente de concessões/permissões.

Para se criar uma rádio no ambiente em rede é relativamente fácil. Basta que o usuário tenha um computador com configurações mínimas requeridas, uma conexão com a internet, e um servidor de streaming conectado. As programações criadas no computador pessoal são direcionadas ao servidor, que então são distribuidas até os ouvintes via on-line. Existem várias empresas que disponibilizam o serviço de streaming para webrádios, com preços e pacotes de serviços que se adequam as necessidades do consumidor. Alguns muito úteis, como colocar as programações gravadas em um sistema automático de reprodução, sem necessidade do locutor intervir.

As webrádios possuem hospedagem e site próprios, onde o administrador gerencia o leiaute e demais recursos da página. Os tipos de transmissões das webrádios podem ter conteúdos veiculados em tempo real (ao vivo), ou distribuídos on demand (por demanda). No último caso, os áudios são gravados e armazenados em um servidor onde podem ser acessados a qualquer momento, segundo a disponibilidade de tempo e interesse do ouvinte. É um recurso de transmissão mais seletivo, no qual o usuário escolhe o que e quando vai ouvir.

Como visto, uma das características das rádios digitais é a segmentação do público. Isso envolve questões sociológicas, considerando que muitas surgem com o propósito de atender uma demanda específica em aberto que as rádios analógicas não conseguem atender. As rádios analógicas têm um perfil de público generalizado, buscando oferecer um conteúdo que atinja a grande massa de ouvintes. Por meio da segmentação, as webrádios conseguem suprir a necessidade de públicos peculiares, direcionando conteúdos a uma fatia que busca por determinados assuntos específicos.

 A interação encontrada nas rádios digitais é outro ponto forte. A tecnologia é de fácil manuseio, e por se situar dentro da internet, as webrádios conseguem integrar uma variedade de recursos e linguagens diferentes, o que as torna mais atrativas. É possível utilizar textos, imagens, vídeos, além de outros recursos para despertar o interesse do ouvinte e complementar a proposta da transmissão, tais como enquetes sobre os conteúdos, hipertexto para links externos e internos do site, navegação pelos menus das páginas, publicidade visual, chat, formulários de cadastro do ouvinte, área para pedidos de músicas on-line, grade de programação, artigos e matérias da rádio, perfil dos locutores em redes sociais, integração com redes sociais, feeds RSS, busca, entre outros recursos encontrados em páginas da web.

Entretanto, vale lembrar que as rádios digitais possuem um limite de acessos simultâneos de ouvintes, o qual é determinado pelos recursos contratados pelo transmissor. Sendo assim, para que se tenha uma gama maior de usuários conectados é necessário um investimento maior com infraestrutura.

J-Hero: um caso de sucesso
As webrádios, assim como as analógicas, se mantém de publicidade, o que faz com que muitas permaneçam e muitas cessem seus serviços, dependendo do retorno obtido. É muito comum ver rádios on-line saírem do ar. Como exemplo de sucesso, apontamos a rádio J-Hero, um projeto filantrópico, mantido por fãs da cultura oriental, há sete anos transmitindo.

A Rádio J-Hero surgiu em 2008 com uma proposta de oferecer uma programação voltada à cultura pop oriental. Desde então ela vem difundindo notícias e músicas direcionadas aos fãs da cultura japonesa e afins, promovendo entretenimento ao público 24 horas por dia, durante a semana inteira. Dentre os temas abordados na programação estão as trilhas sonoras de tokusatsus (seriados japoneses que fizeram bastante sucesso aqui no Brasil nos anos 90, pela extinta TV Manchete) e animes (séries de animação japonesa nas linhas de Pokémon e Naruto); J-Rock – música pop/rock do Japão; K-Pop – música pop coreana; temas de games; além de noticiários e informativos sobre o universo da cultura japonesa e relacionados.

O design da página da J-Hero é bastante agradável, intuitivo e de fácil navegação. Na página principal, no canto superior esquerdo, fica o logotipo e o slogan da rádio (Rádio J-Hero: do seu jeito, do seu gosto!!!). Ao lado dele, no canto direito, fica o player da rádio junto com informações do que está no ar no momento, além de informações sobre o locutor do programa. Também é possível acessar o perfil do locutor nas redes sociais, clicando no ícone correspondente que aparece logo abaixo de sua foto. Distribuídas pela página, ficam as notícias da semana que são escritas pelos redatores da rádio.

Nos menus da J-Hero, encontramos a grade de programação, faqs, colunas fixas dos redatores, chat de ouvintes, sobre a história da rádio, informações gerais do site, além de um campo para pesquisa interna de postagens e matérias.

Nota-se a grande interação da rádio nas enquetes, que possibilitam ao ouvinte participar de uma votação em prol do aprimoramento dos serviços oferecidos; nos pedidos de músicas em tempo real, que são feitos via preenchimento de pequenos formulários on-line, de acordo com cada programa; na seção para envio de desenhos, que são exibidos na página principal; e em muitos outros elementos, como os links para as redes sociais da J-Hero, e seu aplicativo para celulares android.

Nesses sete anos de transmissão, a J-Hero conseguiu concretizar seu objetivo de levar informação, cultura e entretenimento do universo pop oriental ao público ouvinte, comemorando seus anos com um serviço de qualidade. É mais uma prova da importância das rádios como uma ferramenta de construção social, que deve ser usada nos inúmeros segmentos de interesse da sociedade, integrando o modelo tradicional radiofônico com as vantagens propiciadas pelo ambiente em rede da web.


quinta-feira, 29 de junho de 2023

AS CANTORAS E A HISTÓRIA DO RÁDIO NO BRASIL EM EXPOSIÇÃO NO FAROL SANTANDER

 

Exposição no Farol Santander conta a história das cantoras que popularizaram a música brasileira e tornaram o rádio um veículo de massa

Elas viviam num mundo ainda mais masculino – e machista – do que o atual, mas souberam conquistar seu espaço na cultura brasileira com seu talento. A exposição As Cantoras e a História do Rádio no Brasil, no Farol Santander, mostra a trajetória de um grupo de cantoras que fez história ao conquistar o que foi o primeiro meio de comunicação de massa no Brasil.

A primeira transmissão ocorreu em 1922, na Exposição Internacional do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro, mesmo ano da emblemática Semana de Arte Moderna, em São Paulo. O Brasil que queria ser moderno também conquistava uma nova tecnologia, que se tornou um meio democrático e um fator de integração do país.

Com curadoria de Helena Severo, Cláudio Kahns e Rodrigo Faour, a mostra inédita mergulha na trajetória pelo país do rádio e celebra grandes personalidades femininas que trilharam suas carreiras musicais e afirmaram suas vozes nesse meio de comunicação. A exposição pode ser vista até 25 de junho.

Nesse cenário de mudanças, a partir da década de 1930, talentos femininos desabrocham no rádio e, com suas habilidades excepcionais, coragem e sonho, consagram-se como as Cantoras do Rádio. Em um meio majoritariamente dominado por homens, essas mulheres enfrentaram paradigmas e conquistaram os ouvintes com as suas vozes e talento.

A exposição é dividida em dois grandes módulos: um que conta a história do rádio, sua trajetória, seus grandes momentos e as personagens que ajudaram a construir e consolidar este meio de comunicação.

O outro é dedicado às ‘cantoras do rádio’, e a apresenta fotos e conta a trajetória de  24 artistas que iniciaram a carreira entre as décadas de 1930 a 1950. São elas: Carmen Miranda, Aracy de Almeida, Dircinha Batista, Linda Batista, Carmen Costa, Dalva de Oliveira, Isaurinha Garcia, Ademilde Fonseca, Emilinha Borba, Marlene, Elizeth Cardoso, Carmélia Alves, Hebe Camargo, Angela Maria, Doris Monteiro, Nora Ney, Inezita Barroso, Leny Eversong, Dolores Duran, Lana Bittencourt, Ellen de Lima, Marinês, Claudette Soares e Alaíde Costa.










Fonte:https://avidanocentro.com.br/cultura/cantoras-e-a-historia-do-radio-no-brasil-exposicao/